Acredita-se que todas as fêmeas caninas apresentem pseudociese (pseudociese “fisiológica”), embora somente algumas manifestem sinais clínicos (Harvey, 1998). Alguns autores acreditam tratar-se de uma característica evolutiva do cão doméstico, extremamente vantajosa, permitindo que, em matilha, a fêmea dominante fosse capaz de caçar, enquanto as outras fêmeas alimentavam seus filhotes.
Pode ocorrer produção láctea, devido a um aumento da liberação de prolactina, o hormônio que provoca a secreção. Ao mesmo tempo, o aspecto físico e comportamental da fêmea muda, devido à alteração na quantidade de dois hormônios que regulam o ciclo sexual: a progesterona e o estrogênio. A pseudociese se manifesta por sinais clínicos obviamente constatáveis, entre a sexta e a décima quarta semana pós-cio.
Porque acontece?
O instinto de um cãozinho tem como principal estrutura o seu desejo de se reproduzir.
Após o cio, se a fêmea não cruzou, ocorre um período chamado anestro, quando a fêmea retorna à condição em que se encontrava antes do cio. Não existem indícios da necessidade de haver o cruzamento, mesmo que infértil, para o desenvolvimento da gravidez psicológica. Caso esse processo se desencadeie, a fêmea se comporta como se estivesse grávida, embora não tenha ocorrido fecundação.
Gravidez psicológica tem fundamento lógico. Como já citado, se as fêmeas que ocupam uma posição inferior na matilha têm um aumento da produção de leite, elas podem ajudar a alimentar os filhotes de uma mãezinha que deu à luz recentemente. Isso faz aumentar, em uma ninhada grande, a probabilidade de os filhotes crescerem fortes e saudáveis. É uma questão de trabalho em grupo!
Esse comportamento evolutivo, embora não tenha mais tanto significado funcional, foi mantido pelo cão doméstico e ocorre ocasionalmente. É por essa razão que não podemos considerar a gravidez psicológica como uma doença nervosa. Ela é, mais do que qualquer coisa, um processo desconfortável, que preocupa a maioria dos donos.
Como reconhecer?
As fêmeas tendem a preparar seu ninho. Em coelhas, pode ser muito perigoso, pois elas ficam com a boca repleta de pelo ou de palha.
Em coelhinhas, a gravidez psicológica é bastante perigosa e ocorre com mais frequência na primavera. Isso acontece por elas usarem palha e o próprio pelo para construir um ninho, acreditando que estão esperando filhotes.
Já as cadelinhas se isolam e preparam o ninho, suas tetas incham e surge uma secreção esbranquiçada ou marrom (como se fosse leite). A cadela fica nervosa e irritada, com tendência a lamber a vulva e as tetas, movem-se menos e o seu apetite diminui. Algumas procuram bonecas, bichos de pelúcia ou almofadas, e levam para onde prepararam o ninho, e os tratam como se fossem filhotes.
Aproximando-se do período de tempo da maturidade “natural” da gravidez, o que vemos, em alguns casos, é que pode ocorrer aumento do fluxo de muco da vulva, e algumas cadelas chegam a ter contrações.
Os donos costumam ficar preocupados com o inchaço das mamas com e a produção de leite materno, porque temem o aparecimento da mastite (inflamação da glândula mamária) ou de neoplasia nos seus pets, mas felizmente essas enfermidades/patologias ocorrem muito raramente.
Como o dono deve se comportar?
Muitas vezes, a gravidez psicológica some sozinha. Caso contrário, o tratamento é simples e uma das mais eficazes formas de prevenção é a castração.
Se os sinais de gravidez psicológica não são tão óbvios, não faça nada. Ela, provavelmente, desaparecerá espontaneamente, no período de uma a três semanas. Caso contrário, retire todos os objetos que a cadelinha tenha “adotado”. Se ela ficar muito ansiosa, você pode a deixar algumas coisas pelos primeiros dias. É muito importante distrair a fêmea durante esse período, pois ajuda a fazer com que o processo pare de ocorrer.
Ocupando-a com outras atividades, você pode começar, gradativamente, a remover o ninho que foi construído, e, consequentemente, a ideia dos seus filhotes imaginários.Se ela começar a procurar carinho e se tornar desagradável, mantenha uma atitude imparcial e distante, afastando-se abruptamente.
O leite produzido pode ser um inconveniente, mas existe uma série de tratamentos disponíveis que são bastante efetivos. Os casos mais graves, quando a pseudociese se repete a cada cio, é recomendado tentar o acasalamento ou realizar-se a cirurgia de castração. Consulte um médico veterinário de confiança a respeito.
Respire fundo, está tudo bem!
A pseudociese não é tão perigosa assim.
A vida é um ciclo. Os animais (incluindo os seres humanos) nascem, crescem, reproduzem-se e morrem. Com a domesticação, muitos perderam a função de se reproduzir livremente. Hoje não se reproduzem desenfreadamente, como na época em que viviam livres (e tinham uma longevidade bem menor). Cabe aos proprietários a decisão sobre o que vale mais a pena, sempre prestando atenção aos sinais que a natureza exibe. Assim, é possível ter certeza de que nossos animaizinhos estão tendo qualidade de vida e bem-estar.
Fonte: Bolsademulher.com | Foto: Divulgação.
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